13/07/2015

Post #4 - A terapia

Se eu fosse iniciar esse post pelo final, diria que todo mundo deve fazer terapia. As vezes precisamos de ajuda de quem tem esse trabalho na vida. 

Há cerca de um ano e meio iniciei minhas seções semanais. No inicio, o tempo passava muito rápido porque a cada seção eu chegava com um caminhão de questões e não dava tempo de falar tudo que eu queria falar. Com o passar das semanas, a medida em que minhas questões eram tocadas, as seções ficavam mais tranquilas e menos carregadas de informação. Aquele menino tímido, com sede de ser uma pessoa melhor, demostrou pra sua psicologa o quanto era um homem ansioso!

No primeiro dia, acontece uma entrevista pro profissional fazer uma leitura do seu paciente e temos que responder a pergunta mais importante de todas - O que nos levou a procurar ajuda? Fui bem direto - Sou tímido e isto esta segurando o meu crescimento profissional. Tenho conhecimento técnico para o próximo nível de cargo, mas o meu líder não leva o meu nome para a bancada porque diz que sou muito quieto e ninguém sabe que eu sou bom. Eu tinha que vender o meu peixe! Era isso que eu ouvia nos meus feedbacks. Ouvi isso uma vez, trabalhei nesse ponto e senti que melhorei. Após 6 meses, veio o novo feedback e ouvi isso mais pela segunda vez, trabalhei nesse ponto e senti que melhorei. Após 6 meses, veio o novo feedback e ouvi isso mais pela terceira vez, trabalhei nesse ponto e senti que melhorei. Nada de promoção. O que esta acontecendo de errado? Por que eu não estou conseguindo?

Fazia pouco mais de 2 meses de terapia e a minha psicologa fez uma pergunta - Hei, será que você é tímido demais ou será que esse seu líder é expansivo ao extremo?

Eu nunca tinha parado pra pensar nessa questão e então foi o que eu decidi fazer, pensar um pouco, questionar este feedback e ver de onde ele esta vindo. Este meu líder é realmente muito expansivo, extrovertido, desembaraçado, ostensivo, fala alto no telefone, brinca com todo mundo e dá risada alto! O que será que ele ouve nos próprios feedbacks? Não faço a menor ideia, mas eu sabia o que todo mundo pensava dele. O pessoal achava que ele passava do ponto, se excedia, que exagerava nas brincadeiras e que muitas vezes soava um tanto infantil. O que eu não tinha entendido, era que ele estava pedindo pra eu ser como ele era, porque aquele jeito era o certo. Se eu fosse como ele, poderia ser promovido. Não bastasse apenas estar preparado. Só que eu já trabalhava bem, andava sozinho e tinha pouca supervisão. Era um analista independente. As pessoas sabiam o que eu fazia e quando precisavam de uma ajuda na área que eu atuava, sabiam que ao me procurar eu ajudaria. Naquela época eu já sabia o que cada um fazia e quando eu precisava de uma ajuda na área que algum deles atuava, eu sabia quem procurar. Eu sempre tive um ótimo relacionamento com a minha equipe. Eu sentia que era um cara querido, sentia que as pessoas gostavam de mim, sentia que as pessoas torciam por mim. Será que precisava ser menos tímido e mais expansivo?

Quando eu parei pra analisar e responder a pergunta da psicologa, enxerguei tudo isso. As coisas funcionavam pra mim, sendo do jeito que eu era. Constatei que as pessoas extrovertidas demais tem uma certa rejeição, assim como o meu líder tinha. O pessoal não aceitava muito bem aquele jeito dele, achava bobo, achava sem graça. Eu decidi não ser ele, não aceitei aquele feedback. 

Veja bem! Foi por causa disso que eu procurei a terapia. Eu achava que eu tinha um problema, mas na verdade eu nunca tive esse problema. Era um problema do meu líder não respeitar o meu jeito de ser. PROBLEMA DELE, NÃO MEU! 

Não tem aquele ditado "Manda quem pode, obedece quem tem juízo"? É claro que os feedbacks devem ser ouvidos para que possamos aprender com nosso líderes. Temos que ser humildes pra ouvir, só não podemos esquecer do nosso valor. Quem conhece o próprio valor, sabe se defender, com sabedoria, com calma e cautela. Somos analisados, avaliados, comparados e julgados. Isso é muito cruel, mas faz parte da vida. 

Eu tirei um peso das costas, pude me aceitar do jeito que eu era. A terapia ajudou a perceber que um problema que eu achava que eu tinha, não era bem um problema. 

Depois de tudo isso, as coisas rolaram. Acho que eu só precisava aprender uma lição - ter consciência do meu real valor! Aprendi que se eu estou bem, se eu estou feliz, se as coisas funcionam pra mim, então eu não tenho que mudar pra agradar ninguém. Finalmente fui promovido.

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